segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

UM CADÁVER NO MEU JARDIM (Cap. 11)

Eram onze horas da manhã quando o celular de Marília tocou. Naquele momento ela estava na cozinha tentando preparar o almoço da família. Tereza estava fazendo muita falta naquela casa. E o pior de tudo é que enquanto houvesse o corpo enterrado no jardim, não podia se dar ao luxo de contratar outra empregada. Vida cruel.

− Oi, Carlos. Seja rápido. Acabei de queimar o arroz e…
− Seu Rodolfo morreu.
− Quem? O jardineiro? – Marília desligou todas as chamas do fogão e sentou em uma cadeira da cozinha, atordoada. – Morreu como?
− Atropelado. Acabei de ler na internet. Foi hoje de manhã.
− Mas… você tem certeza que é ele?

Carlos se mostrava nervoso ao telefone.

− Sim. É ele. Você acha que…

Ele interrompeu a frase. Marília, ainda sem entender o que o marido queria dizer, insistiu:

− Acho o quê, Carlos? O que você está tentando dizer?
− Você acha que um dos meninos poderia… Bem, um deles ou dois poderiam ter…

Marília sentiu o mundo rodar. Se não estivesse sentada, talvez tivesse desabado no chão.

− Não! Eles não seriam capazes disto!
Ou seriam?
*

Quando André e Cris chegaram da faculdade pontualmente às 12h30min se depararam com os pais sentados no sofá aguardando-os com ansiedade. A expressão deles era terrível.

− E aí, gente – cumprimentou André para só depois se dar conta que algo estava errado. – Ué, o que houve? Morreu alguém?

Carlos não deixou por menos.

− Talvez você possa nos dizer – e apontando para Cris. – Ou você.

Os irmãos se entreolharam sem entender absolutamente nada.

− Ei, espera aí! – exclamou Cris ficando nervoso. – Fale abertamente. Qual a desgraça da vez?
− Seu Rodolfo morreu esta manhã.
− Puxa, sinto muito – falou André disfarçando seu alívio. – Mas o que nós temos a ver com isto?
− Me respondam com franqueza – exigiu Carlos ficando em pé e encarando os filhos de igual para igual. – Foi um de vocês?
− Claro que não – retrucou André rapidamente.

Cris perguntou muito pálido.

− Ele morreu como?
− Foi atropelado hoje de manhã cedo – esclareceu Marília um pouco mais tranquila. Os meninos não podiam estar mentindo. – Saiu em um site de notícias e o pai de vocês o reconheceu pelo nome.
− Me admiro, mamãe – André fingiu estar muito ofendido, − que vocês dois tenham desconfiado de nós.
− Tudo bem, desculpe – pediu Carlos passando a mão nos cabelos, tentando recuperar a serenidade. – Desculpem, garotos. É que esta história nos perturbou demais. Eu vou resolver tudo. Estou pensando em uma maneira de tirarmos o corpo da Tereza daqui e pôr um fim nisto tudo.
− Não vejo a hora – suspirou Marília.
− Nós também – retrucaram em uníssono os gêmeos.


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