quinta-feira, 11 de julho de 2013

BETINA, A VIRGEM (cap. 3)

Apesar da sua determinação de perder a virgindade e virar uma puta de primeira, quando Betina entrou no carro do Raul na noite seguinte pensou melhor e decidiu deixar isso para um segundo encontro. Não se sentia preparada ainda. Queria conhecer um pouco melhor o homem que marcaria sua vida para sempre.
Raul estava com um perfume de gosto duvidoso e parecendo muito confiante, ao contrário dela. Ao vê-la, desmanchou-se em elogios rasgados. De vestido branco de alcinhas e sandálias douradas, Betina sabia estar algo sexy. Talvez sexy demais para ele. De uma coisa tinha certeza. Não queria estar ali. Será que era tarde demais desistir?

− Aonde vamos?

Agora. Diga que está com dor de barriga e volte para casa.

− Eu… não era um cineminha o combinado?

Ele ligou o motor do carro e arrancou. Tarde demais.

− Pensei em algo mais aconchegante.
− Tipo o quê? – ela perguntou, com a respiração suspensa.
− Vamos jantar. Em um lugar aconchegante.

Ok, jantar. Somente jantar e cair fora. Iria comer e dizer que estava com ânsia de vômito. Ele certamente a deixaria em casa em 10 minutos.

A potente caminhonete tomou seu rumo. O papo não fluía legal. Raul falava gracinhas, contava piadas sem graça e Betina respondia aos monossílabos. Chato. Isso que ele era. Um enorme de um chato.

De repente Raul tomou uma rua estreita e mais escura e percorreu alguns metros. Luzes brilhantes anunciavam. Sexy Hot.

Um motel.

*

Betina olhou o letreiro. Ele iria passar reto, é claro. Eles iriam jantar. Restaurante e motel são coisas diferentes. Mas quando o carro foi entrando na garagem do motel, ela perguntou, quase em pânico:

− Não era um jantar?

Ele riu.

− Não deixa de ser.

Betina engoliu em seco. Bem… por que não acabar com aquela tortura de vez? Vai, Betina, disse ela para si mesma. Acabe com isso de uma vez por todas. Feche os olhos e abra as pernas. Talvez você goste.

− Tudo bem – ela disse decidida. – Vamos lá.
− U-la-lá!

Com aquela exclamação ridícula, ambos entraram no motel. Para ostentar, Raul escolheu uma suíte com tudo o que era necessário para uma trepada histórica. Cadeira erótica, pole dance, banheira de hidromassagem. A cama redonda era enorme. Espelhos por toda a parte. Parada no meio do quarto, agarrada à bolsa, Betina não estava se sentindo muito à vontade.

Empolgado, Raul tocou em alguma coisa e luzes brilhantes deixaram o quarto parecido com uma boate. Uma música passou a tocar e Raul a enlaçou. Ele se esfregava no corpo dela e Betina resolveu largar a bolsa e entrar na dança sem saber dançar. Sentiu o pau dele a pressionando. Que nojo. Mas agora era meio tarde para voltar atrás.

Havia chegado o momento.

Eles dançaram um pouco. Raul deu duas ou três lambidas no pescoço de Betina, que engoliu em seco. De repente ele a largou. Abriu o frigobar e tirou de lá uma champanha. Fazendo o estilo sexy, estourou a rolha jorrando o líquido sobre ele, ela e o tapete. Ao invés de pegar taças para servi-los, Raul não se fez de rogado e bebeu na garrafa mesmo.

Porco.

O êxtase estava tomando conta de Raul. Que tal uma dança sexy?, perguntou ele, sem esperar por uma resposta de Betina. Lentamente, Raul começou a tirar a roupa. De braços cruzados, no meio do quarto, ela assistiu a uma das cenas mais ridículas da sua vida.

Raul iniciou o strip-tease tirando a camisa. Desabotou um a um os botões balançando os quadris, sem nunca tirar os olhos dela. Depois virou de lado. Tirou as calças devagar, fazendo suspense. A cueca boxer vermelha era de morrer, mas ele não pareceu se importar com aquilo. Ainda se achando “o” gostoso, Raul tirou as cuecas teatralmente. E se virou de frente para Betina. Totalmente nu.

Betina arregalou os olhos. Ele abriu os braços como se a chamasse para um abraço.
− Como… como assim? – perguntou Betina, apontando para o meio das pernas dele.
− O que foi, meu tesão?
− Mas… mas é só isso? Cadê o resto do seu pau?

Mesmo duro, o troço era pequeno. Um arremedo de pau. Antes de pegar a bolsa e sair correndo do quarto, Betina chegou a conclusão que o cacete do Raul não lhe serviria nem para fazer cosquinha, quanto mais para lhe tirar a virgindade.

Naquela noite Betina chegou de táxi em casa.

E cada vez mais virgem. 

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