Fofo. Essa foi a
primeira impressão que tive do Lucas quando pus meus olhos nele pela primeira
vez. Meu colega de academia, sarado na medida, risonho e carismático. Se dava
bem com todo mundo. Estava sempre numa rodinha de gente batendo papo e dando risada.
Aliás, eu adorava o jeito de rir dele. Era como música. Cheguei a sonhar com
Lucas rindo no meu ouvido uma vez. E vocês já devem saber como eu acordei...
Só tinha um
detalhe.
Ele não me dava
a mínima. Nunca olhou na minha direção. Resumindo, nem devia saber que eu
existia.
Mas a coisa, da
minha parte, é claro, foi aumentando. Tesão, paixão, sei lá o que eu sentia por
ele. Só sei que eu ia para a academia não para fazer exercícios, mas para ficar
de olho nele. Se alguém mais havia percebido meu surto de loucura por Lucas,
não sei. E tampouco me importava.
Eu nunca fui a
mais bonita, porém sempre consegui ficar com quase todos os caras que estive
afim. Lucas era o próximo da minha lista e eu já estava tão surtada por ele que
imaginava como seriam os móveis da nossa casa, qual bairro iríamos morar, nome
dos filhos e colégio em que estudariam. Lógico que nunca contei esta loucura
toda nem para minha psicóloga. Era viagem demais. Mas eu não conseguia deixar
de pensar nele nem por um minuto. E se eu não fizesse alguma coisa para chamar
a sua atenção, iria implodir de tesão.
Uma noite
cheguei na academia inspirada e confiante. Eu havia comprado uma calça legging
colorida e que ficava bem coladinha no meu corpo. Para cima ousei colocar
somente um top pink que tinha o objetivo de me fazer ser vista de longe. Eu não
sou uma mulher de se jogar fora. Eu tenho o meu valor, meu corpo é legal. Por
que inferno o Lucas não olhava para mim?
Abusei um pouco
do perfume e fui para a esteira. Lucas estava quase ao meu lado, correndo, suado
e lindo, duas esteiras depois da minha. Eu não sei correr sobre uma esteira,
mas achei que teríamos assunto se fizéssemos o mesmo tipo de exercício. E lá
fui eu. Aumentei a velocidade do equipamento e das minhas passadas. Fui tomada
por um espírito competitivo que agora eu considero besta. A Pâmela, uma das
gostosonas da academia (odeio ela), se posicionou ao lado do Lucas e ambos
começaram a correr de conversinha e risada. Me irritei, fiquei furiosa. Resolvi
que deveria correr mais veloz que a Pâmela para mostrar ao Lucas que eu era a
melhor. Foi o que fiz. Pirei sobre uma esteira.
E caí.
De repente, me
perdi nos passos, tropecei nos meus próprios pés e deslizei pela esteira até
chegar no chão. Fiquei meio atordoada pois, de repente, me vi deitada no piso
frio com um círculo de pessoas me olhando. Eu deveria fingir algum desmaio para
me sair bem daquele mico? Um dos professores se ajoelhou ao meu lado e bateu de
leve nas minhas bochechas.
— Verônica! Ei,
Verônica? Você está bem? Fala comigo!
Na verdade, a
única coisa que doía em mim era minha dignidade. Lucas era um dos que me
observava, cara de assustado, o que muito me comoveu. Fiz um sinal de positivo.
A única coisa que eu queria era desaparecer daquela academia. Consegui me
sentar e aí sim, senti uma dor aguda na lombar. A única coisa que eu queria era
ser abduzida.
— Você está bem?
– o professor perguntou de novo. Ele estava mais apavorado que eu.
— Sim, estou –
levei a mão às costas. Era provável que eu ficasse com algum hematoma. Pouco me
importava com isso naquele momento.
— Eu levo você
para casa – ofereceu-se ele colocando o braço sobre meus ombros.
Nunca vi um
professor tão solícito. Lucas voltou para a esteira acompanhado da Pâmela. Ou
seja, estava pouco se importando comigo. Voltei para casa acompanhada e lutando
contra minha frustração.
Cretino.
Cachorro.
O braço protetor
do professor sobre meus ombros era, de certa forma, bem agradável. Me percebi
curtindo aquele braço musculoso sobre mim. E, sei lá... quando cheguei em casa
eu já estava apaixonada por ele.