terça-feira, 29 de outubro de 2019

LOVE NA ACADEMIA






Fofo. Essa foi a primeira impressão que tive do Lucas quando pus meus olhos nele pela primeira vez. Meu colega de academia, sarado na medida, risonho e carismático. Se dava bem com todo mundo. Estava sempre numa rodinha de gente batendo papo e dando risada. Aliás, eu adorava o jeito de rir dele. Era como música. Cheguei a sonhar com Lucas rindo no meu ouvido uma vez. E vocês já devem saber como eu acordei...

Só tinha um detalhe.

Ele não me dava a mínima. Nunca olhou na minha direção. Resumindo, nem devia saber que eu existia.

Mas a coisa, da minha parte, é claro, foi aumentando. Tesão, paixão, sei lá o que eu sentia por ele. Só sei que eu ia para a academia não para fazer exercícios, mas para ficar de olho nele. Se alguém mais havia percebido meu surto de loucura por Lucas, não sei. E tampouco me importava.

Eu nunca fui a mais bonita, porém sempre consegui ficar com quase todos os caras que estive afim. Lucas era o próximo da minha lista e eu já estava tão surtada por ele que imaginava como seriam os móveis da nossa casa, qual bairro iríamos morar, nome dos filhos e colégio em que estudariam. Lógico que nunca contei esta loucura toda nem para minha psicóloga. Era viagem demais. Mas eu não conseguia deixar de pensar nele nem por um minuto. E se eu não fizesse alguma coisa para chamar a sua atenção, iria implodir de tesão.

Uma noite cheguei na academia inspirada e confiante. Eu havia comprado uma calça legging colorida e que ficava bem coladinha no meu corpo. Para cima ousei colocar somente um top pink que tinha o objetivo de me fazer ser vista de longe. Eu não sou uma mulher de se jogar fora. Eu tenho o meu valor, meu corpo é legal. Por que inferno o Lucas não olhava para mim?

Abusei um pouco do perfume e fui para a esteira. Lucas estava quase ao meu lado, correndo, suado e lindo, duas esteiras depois da minha. Eu não sei correr sobre uma esteira, mas achei que teríamos assunto se fizéssemos o mesmo tipo de exercício. E lá fui eu. Aumentei a velocidade do equipamento e das minhas passadas. Fui tomada por um espírito competitivo que agora eu considero besta. A Pâmela, uma das gostosonas da academia (odeio ela), se posicionou ao lado do Lucas e ambos começaram a correr de conversinha e risada. Me irritei, fiquei furiosa. Resolvi que deveria correr mais veloz que a Pâmela para mostrar ao Lucas que eu era a melhor. Foi o que fiz. Pirei sobre uma esteira.

E caí.

De repente, me perdi nos passos, tropecei nos meus próprios pés e deslizei pela esteira até chegar no chão. Fiquei meio atordoada pois, de repente, me vi deitada no piso frio com um círculo de pessoas me olhando. Eu deveria fingir algum desmaio para me sair bem daquele mico? Um dos professores se ajoelhou ao meu lado e bateu de leve nas minhas bochechas.

— Verônica! Ei, Verônica? Você está bem? Fala comigo!

Na verdade, a única coisa que doía em mim era minha dignidade. Lucas era um dos que me observava, cara de assustado, o que muito me comoveu. Fiz um sinal de positivo. A única coisa que eu queria era desaparecer daquela academia. Consegui me sentar e aí sim, senti uma dor aguda na lombar. A única coisa que eu queria era ser abduzida.

— Você está bem? – o professor perguntou de novo. Ele estava mais apavorado que eu.
— Sim, estou – levei a mão às costas. Era provável que eu ficasse com algum hematoma. Pouco me importava com isso naquele momento.
— Eu levo você para casa – ofereceu-se ele colocando o braço sobre meus ombros.

Nunca vi um professor tão solícito. Lucas voltou para a esteira acompanhado da Pâmela. Ou seja, estava pouco se importando comigo. Voltei para casa acompanhada e lutando contra minha frustração.

Cretino.

Cachorro.

O braço protetor do professor sobre meus ombros era, de certa forma, bem agradável. Me percebi curtindo aquele braço musculoso sobre mim. E, sei lá... quando cheguei em casa eu já estava apaixonada por ele.