sábado, 14 de novembro de 2020

A BONEQUINHA DE VODU

 



     Eu descobri que a Carol tinha morrido somente uma semana depois. E foi por acaso. Sem acreditar, fui catar no Facebook do Artur se era verdade.

     E era. Artur, meu ex-noivo, amor da minha vida, estava viúvo.

     Meu primeiro sentimento foi ficar em choque. Nossa, a Carol... aquela mulher linda e de sucesso, que com seu jeito meigo e doce tirara o Artur de mim, foi atravessar a rua de bike e não enxergou que vinha um carro pra cima dela.

     Ah, que pena.

     Sua trouxa.

     Artur, claro, fez uma postagem repleta de declarações de amor, tipo que a vaca sempre seria seu amor eterno e blá, blá, blá. Depois que o choque passou e eu me recompus, queimei a bonequinho de vodu. Ninguém podia ver aquilo. Ela tinha fios de lã amarelo iguais aos cabelos da Carol. Pintei uns olhinhos verdes e fiz uma boquinha em forma de coração para ficar mais semelhante à puta. Escolhi uma roupinha parecida com as que ela vestia. Depois de pronta pisoteei a bonequinha. Sapateei em cima com toda minha raiva. Cravei uma tesoura bem no meio da barriga dela. Atirei em um canto e até me esqueci disso.

     Agora está todo mundo pasmo com a morte da Carol. Fiquei também, é claro. Fui eu que causei. Misturei o meu vodu com o lixaredo daqui de casa e tudo virou cinzas. Feito ela. Meu próximo passo é fazer um bonequinho do Artur. E ele vai se apaixonar por mim outra vez.