Carol se sentia
elétrica, pelo efeito da cocaína e pela presença de Tiago tão perto. De repente
ela estava mais corajosa, ousada. Viva. Sem pensar, colocou a mão na perna
musculosa de Tiago. Ele sorriu. Andou com o carro mais alguns metros e pegou
uma estrada vicinal não muito frequentada. Naquele momento o celular de Carol
começou a berrar.
— É o trouxa do
seu namorado?
Carol riu alto.
Tiago era mesmo o máximo.
— Ele mesmo! ─
Carol consultou o visor, rindo debochada. — Vou desligar esta merda.
Tiago parou o
carro. Estava escuro, mas Carol não sentiu medo. Pelo contrário, se sentia
excitada. O rapaz avançou por cima dela, cobrindo-a totalmente com seu corpo. A
moça levou um susto, mas a sensação passou logo. Puxa, Tiago era mesmo
impetuoso. A calça jeans foi abaixada rapidamente e a calcinha arrancada sem
dó. Carol gemeu. Nunca Victor a tratara daquele jeito tão selvagem. No fundo
sempre desejara isto do namorado, contudo ele era bobão demais para ser tão
atrevido. Tiago não era assim. Ele queria tudo e mais um pouco e Carol cedeu. Quando
acabou percebeu que não sabia nada de sexo até aquele momento. Enquanto Tiago
cheirava mais uma carreira atirado sobre o encosto do banco do carro, ela
perguntou ansiosa:
— Você curtiu?
— Hein?
— O que você
achou de mim?
Ele estava mais
preocupado em cheirar do que olhar para a cara de Carol.
— Foi bom.
Só bom?
— Eu adorei.
Tiago ficou em
silêncio. Ajeitou as calças, a camisa e os cabelos. Quando deu a partida na
caminhonete, Carol perguntou curiosa:
— Para onde
vamos? Você não vai me levar para casa agora, né?
— Claro que não.
Vamos dar uma volta na praça. Não quer ver seus amigos e o corno do seu
namorado por lá?
Era tudo o que
Carol queria, alucinada como estava.
— Vamos lá!
Tiago não tinha
medo de altas velocidades. Carol sim. Porém, naquela noite as coisas aconteciam
de maneira vertiginosa. Tiago, cocaína, sexo selvagem. Aquela não era sua vida.
Não importava. Carol se agarrou na oportunidade que lhe surgira para viver tudo
o que tinha direito de uma vez só. Tiago não a procuraria novamente se Carol
não fosse uma pessoa legal e divertida. Era exatamente assim que ela se sentia,
muito descolada.
A caminhonete
seguiu pelas ruas da pequena cidade a mais de 100 quilômetros por hora. Carol
gritava, agitada, os cabelos voando. Tiago parecia estar gostando daquela
loucura toda. Bem, ele era louco mesmo. Cheirado, pior ainda. A praça surgiu
iluminada e animada aos olhos dos dois. Carol se perguntou o que Victor estaria
achando do seu sumiço. Ah, ele ficaria muito bravo quando a visse com Tiago. E
idiota como era, engoliria a seco a ousadia da namorada. Ou ex.
— Estou vendo
eles ─ apontou ela aos berros. — Passe por lá, quero rir da cara daqueles
babacas!
Sem pensar duas
vezes, Tiago acelerou mais. De repente a praça silenciou. Os jovens que lá
estavam ficaram mudos quando perceberam a aproximação da caminhonete em alta
velocidade e as luzes do farol piscando loucamente. Carol pôs metade do corpo
para fora da janela quando chegou perto dos amigos. Ao vê-los, bateu com as
mãos na lataria do veículo, fazendo um estardalhaço dos grandes.
— Fala aí, seus
panacas! Ei, Victor! Olha eu aqui!
Da turma ninguém
foi capaz de falar nada. Victor esbugalhou os olhos. Era nítido que a namorada
estava alterada. Como ela fora parar no carro daquele delinquente drogado? Ele
chegou a pensar em pegar a moto e ir atrás. Desistiu da ideia quando se deu
conta do ridículo que seria. Ora, que Carol se estrepasse.
Carol voltou
para dentro do carro e perguntou quase salivando:
— Você viu a
cara deles, Tiago?
— Você arrasou,
garota! Vamos voltar!
— Uhu!
Aquela noite jamais
seria esquecida por ela. A caminhonete novamente começou a dar a volta na
praça. Carol pôs o corpo para fora, louca para afrontar sua ex-turma de amigos.
Claro, porque depois daquilo tudo ela faria parte da gang dos amigos de Tiago.
Que máximo!
— Ei! ─ berrou
ela. — Vocês não são de nada, seus merdas!
Carol não
percebeu que Tiago dirigia muito rente ao meio fio. Nenhum dos dois reparou que
havia um poste na calçada e quando a garota se deu conta era tarde demais. Não
deu nem tempo de gritar ou de Tiago frear. O rapaz fugiu com o corpo de Carol
pendurado para fora da caminhonete. A cabeça de Carol rolou na calçada e foi
parar em um jardim com flores. A mais louca noite da sua vida terminou ali.
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