Verão é super
bom. Pelo menos eu assim achava. Nossa casa na praia estava sempre cheia de
gente, parentes principalmente, que por lá se instalavam para passar o verão.
Meus pais, ótimos anfitriões, adoravam receber. Eu também. Mas depois dos 18
anos comecei a perder a paciência com a falta de privacidade. Tios, primos,
amigos dos primos, vó, amiga da vó. Todo mundo tropeçando um no outro, colchões
espalhados pela garagem e pela sala, barracas no jardim. Churrascada e pagode
quase todos os dias. Por fim, perdi a paciência. Depois de um tempo decidi
começar a passar o verão em outras paragens, com meus amigos ou o namorado de
plantão.
Até que um dia
decidi voltar para a casa dos meus pais na praia. Foi quando revi meu primo, o
Fabinho.
*
Eu não via o
Fabinho há uns dois anos. Ele nunca foi muito de ficar conosco na casa da
praia, apesar de ser afilhado dos meus pais. Para falar a verdade, eu já nem
lembrava dele direito e pouco ouvia falar na pessoa. Naquela temporada minha
mãe abriu a casa já no Natal. A parentada veio chegando aos poucos. Os dias
passavam e eu me perguntava até quando aguentaria aquela casa cheia e banheiro
sempre ocupado. Não dei mais que dez dias como prazo para o meu saco estourar.
Era uma
quinta-feira de janeiro quando meu pai comunicou que o Fabinho viria passar
alguns dias com a gente na praia. Naquela época incrivelmente só estávamos nós,
os donos da casa. Eu nem dei bola. Soube que meu primo viria com a namorada,
quase noiva e logo minha mãe tratou de reservar um quarto só para o casal. Lá
eu dividia o meu quarto com minha irmã mais nova, a Vanessa. Achei o cúmulo o
Fabinho ter um quarto só para ele.
Ele chegou na
sexta-feira quase ao meio dia. Eu recém estava voltando da praia, de biquíni e
cabelo escorrendo água salgada. De longe percebi um carro estranho chegando e
uma movimentação ao redor. Só o reconheci quando me aproximei do portão da
casa. Meu Deus. Fabinho estava lindo.
Por algum
motivo, minhas pernas tremeram. Resolvi respirar fundo para me acalmar. Fabinho
tinha desenvolvido os músculos durante o tempo em que ficamos sem nos ver. O
cabelo comprido batia no ombro e levantava quando soprava a brisa do mar. Fui
descendo meu olhar para bunda e coxas. Tudo nele era apetitoso. Eu e Fabinho
tínhamos apenas dois anos de diferença. Ele devia estar com uns 24 anos. De
pura gostosura.
Foi quando me
deparei com a namorada-noiva do meu primo. Ela também havia saído do carro,
porém eu estava tão absorta devorando Fabinho com os olhos que nem tinha
percebido aquela coisa aguada me encarando.
Ridícula. Foi
isto o que eu pensei. Loira, de cabelo liso e bonita, ainda assim a namorada
dele era sem sal. Ela percebeu o quanto eu babei por ele e por isto me encarou
furiosa. Naquele momento eu decidi que transaria com o Fabinho. E se eu
quisesse, até faria com que ele se apaixonasse por mim.
— Vitória,
lembra do Fabinho? ─ meu pai perguntou, tentando fazer graça.
Fabinho olhou
para trás e deu de cara comigo. Percebi que meu primo fez uma análise rápida de
mim. Não consegui perceber se ele havia gostado ou não do que estava vendo.
— Oi, Vitória ─
cumprimentou aproximando-se de mim. Ele me deu um rápido beijo no rosto, mas eu
ainda tive tempo de sentir o perfume gostoso dele.
— Oi, Fábio ─
respondi tentando controlar meu tesão. — Você está muito bem.
Acho que ele
ficou um pouco constrangido, talvez por estar com a namorada junto, observando
a tudo. Fabinho olhou para ela e a puxou para mais perto.
— Esta é a
Claudia, minha noiva.
Noiva? Ex-noiva.
— Oi ─ disse eu,
mas sem olhar para ela.
A vaca nem me respondeu.
Minha mãe reparou no clima ruim que se formou e mudou de assunto, perguntando
pela minha tia e o resto da família. Em pouco tempo estavam todos dentro de
casa, inclusive eu. Enquanto meu pai os levava para o quarto onde ficariam,
minha mãe me arrastou para um canto da cozinha. Pensei até que ela fosse me
bater.
— Pensa que eu
não vi seu olho comprido para o primo? Vitória, você não vai destruir mais um
noivado.
Minha fama de
destruidora de relacionamentos ainda reinava na família. Há mais ou menos cinco
anos, minha tia mais nova, irmã da minha mãe, arranjou um namorado galã, muita
coisa pra ela. Não tive dúvida. Na primeira oportunidade, em um churrasco
familiar, eu o levei para o quartinho da empregada e transamos ali mesmo. Fomos
flagrados e o escândalo foi geral. Minha tia terminou o namoro e se mudou para
o Nordeste. Até hoje ela me odeia. Posso dizer que traumatizei minha família.
Apertando o meu braço com força, Dona Neusa, minha mãe, parecia que ía entrar
em surto.
— Você não vai nos
envergonhar de novo!
— Assim você me
ofende ─ respondi sem convicção, sabendo muito bem o que eu iria fazer.
Só fui ver meu
primo de noite. Passei praticamente o dia todo na praia surfando e quando
voltei encontrei Vanessa, Fábio e Claudia na varanda tomando chimarrão. A loira
idiota nem olhou para o meu lado. Meu primo me cumprimentou bem comportado, mas
percebi que havia um interesse disfarçado sobre mim.
— Mana, estamos
combinando de ir ao Centrinho. Quer vir com a gente?
Era tudo o que
eu queria. Claudia fez uma careta de nojo quando eu respondi que sim.
— Claro. Estou
precisando comprar umas bijus para mim ─ era mentira. — Só preciso tomar um
banho antes.
Fábio não falou
nada, acariciando a mão da noiva. Vanessa disse, muito animada:
— Certo, mas não
demore. Estou louca para tomar sorvete.
Quarenta e cinco minutos depois apareci com um short curto jeans quase mostrando a
bunda e uma miniblusa que mostrava minha barriga sarada e meu piercing de coelhinha
da Playboy.
... continua ...
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