quarta-feira, 10 de julho de 2019

TUDO QUE É DELE É MEU






Era um amor meio doido, sem muita normalidade. Gabriela era ciumenta ao extremo e entrava em surto quando o Mauro olhava para o lado. Gabi sabia que podia matar se alguma ordinária arrastasse asa para ele. Ah, mas Mauro não dava bola. Para raiva dela, Mauro até achava engraçado aquelas crises de ciúme, como se tudo não passasse de um chilique da Gabi, sem importância. Por isto ele não fez se esforçou em manter o casinho com a Cris em segredo. A tal da Cris também não se importava nem um pouco com a aliança no dedo da mão esquerda dele. Ela só queria se divertir.

Não demorou muito para a Gabi se dar conta que algo ia errado. Ele chegava tarde em casa alegando reuniões infindáveis no trabalho. De uma hora para outra churrascadas com a turma começaram a pipocar. A fatura do cartão mencionava lugares estranhos, codificados. Gabriela começou a enlouquecer.

Uma noite Gabi decidiu agir. Já era para ter feito alguma coisa, colocar um freio, mas esperou que Mauro entrasse nos eixos, o que não aconteceu. Então ela o seguiu. Mauro havia contado que ia para um churrasco com os parceiros, só homens. Muita cerveja e futebol, Gabi não iria gostar. Tudo bem, ela disse. Vá e divirta-se.

Gabi pegou o carro e seguiu o dele. Mauro foi direto para o clube onde os amigos jogavam bola semanalmente. Ela respirou aliviada. Não era mentira. Seu amorzinho realmente iria somente jogar futebol e desopilar. Porém, ela decidiu entrar, escondida, e conferir só para ter certeza.

Lá dentro a alegria rolava solta. Cerveja, churrasco. Mulheres. Atrás de um pilar Gabi percebeu quando Mauro deu uns beijos numa morena peituda, com muito mais bunda que um dia Gabriela poderia ter. Os outros rapazes também estavam com suas namoradas – ou amantes, vai saber. O ódio cegou Gabi. Uma onda vermelha cobriu seus olhos.
De dentro da bolsa ela pegou sua faca mais afiada, aquela que usava para cortar carne. Gabi avançou, decidida e louca, até onde Mauro estava calçando as chuteiras e ajeitando o calção. A Cris – Gabi já a conhecia de outros carnavais – estava de costas acariciando o cabelo dele.

Vaca. Afaste a mão dele. O cabelo, as pernas, o pau. Tudo que é do Mauro é meu.

Os pensamentos de Gabi passavam velozes por sua mente. Tão velozes que ela não conseguia raciocinar. Ninguém a viu. O punhal perfurou as costas de Cris que soltou um grito agudo e doloroso. Mauro só se deu conta quando a amante caiu para a frente estrebuchando sangue. Quando olhou para cima, Gabi o encarava com seus olhos frios. 

Serei o próximo. Que os anjos me salvem desta louca.

A faca jazia no corpo da Cris. Gabi pegou a mão gelada do marido.

Vamos para casa. Seu jantar está pronto.

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