Entardecia naquela pequena cidade da serra. Era primavera, tudo era tão colorido e alegre. As flores cresciam nos jardins. As pessoas pareciam mais alegres depois de um inverno rigoroso.
Lourdes olhou
para trás se equilibrando na bicicleta nova. Ganhara fazia três meses em pleno
frio e era a primeira vez que passeava com ela. Atrás vinha o Juarez, seu marido,
pedalando sua própria bicicleta. Fazia semanas que eles combinavam aquela
volta. Estavam esperando o tempo melhorar, fazer sol, parar de chover.
Aquele dia
finalmente chegara. Juarez acenou para Lourdes como se dissesse para ela seguir
em frente. A noite chegava aos pouquinhos. Eles pedalaram mais um pouco, pararam
na confeitaria da Dona Joca, compraram doces para degustarem logo mais.
Tudo estava tão
perfeito que Lourdes não queria mais que aquele dia acabasse.
O casal chegou por
volta das 19 horas. A noite chegara de vez e um ventinho frio soprava. Juarez,
animado, colocou os ingredientes para o jantar sobre o balcão e avisou:
― Enquanto você toma seu banho, eu preparo as coisas por aqui.
Lourdes deu um beijo no marido. Não podia haver no mundo homem melhor que aquele.
―
Obrigada, meu amor. Vou ficar bem cheirosinha para você.
Faceira, Lourdes foi para o banho, caprichou
em todos os aromas possíveis e depois de meia hora abriu a porta do banheiro
vestida com um roupão macio.
―
Amor, estou pronta! Deixa que eu termino a janta e venha tomar seu banho.
Silêncio. Ninguém respondeu. Lourdes
achou estranho. Será que Juarez estava no celular? Talvez alguém tivesse o
chamado lá fora, no portão.
Lourdes foi para a cozinha ainda chamando
o marido. Mas ele não respondia. A preocupação começou a tomar conta. Sentiu o
cheirinho da carne cozinhando à medida que se aproximava.
―
Juarez! Onde você está?
Ela parou na porta da cozinha e deu um
grito. Um grito que foi ouvido do outro lado da rua.
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