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Silvia era a garota mais desejada
da escola. E a mais invejada pelas meninas. Vivia rodeada pelas outras que
copiavam seu cabelo, roupas e ate o jeito de falar. E sua melhor amiga, a única
que Sílvia confiava de verdade, era a Fabi.
Fabi. A patinho feio da escola.
Mesmo que um dia ousasse imitar Sílvia, jamais conseguiria. Cabelo escorrido,
castanho sem brilho e magra demais. Bem ao contrário da exuberância loura da
amiga, cujos peitos e coxas pareciam querer saltar das roupas.
Mesmo assim, com todas as
diferenças, as duas se davam muito bem. Era para Fabi que Sílvia contava suas
aventuras com o namorado, as brigas, as dores e as alegrias. Fabi a adorava de
verdade, mesmo que no fundo se ressentisse com a invisibilidade que lhe cabia
quando estava ao lado da amiga. Não reclamava. Sílvia era muito legal. E
ultimamente começara a lhe dar dicas. De como se vestir, caminhar, olhar para
os meninos…
De como fazer sexo.
Aos 17 anos podia se dizer que
Sílvia já possuía uma boa experiência sexual. Ela namorava um cara mais velho,
que fazia faculdade e, portanto, devia saber muita coisa. Sílvia era uma boa
aluna. Aprendeu tudinho e decidiu que sua feiosa amiga Fabi também tinha
direito de saber das coisas. Pelo menos na teoria.
E Fabi era uma boa ouvinte.
Quando as duas se viam sozinhas, longe das colegas, irmãos e pais, Sílvia assumia
seu ar professoral. Fabi escutava a tudo com todos os neurônios ligados. Não
tinha a menor ideia de quando começaria a pôr em prática os brilhantes
ensinamentos da amiga, mas havia uma luz no horizonte. Um evento muito
importante se aproximava.
O acampamento.
As férias de inverno estavam
prestes a começar e o acampamento era a grande atração dos alunos do terceiro
ano. Festas, paqueras, sexo. Fabi queria muito ir. Estava afim do Artur, o gato
mais popular da escola e que nunca tirava o olho da Sílvia. Com os
conhecimentos que obtivera da sua amiga, Fabi tinha certeza de que poderia
passar uma noite inteira com ele e satisfazê-lo por completo. No entanto, Artur
primeiro precisava saber que Fabi existia.
2
Seriam três dias de muita
loucura. Pelo menos foi isso que os alunos do 3º ano prometeram. Com muitas
recomendações que entraram por um ouvido e saíram pelo outro, todos subiram à
serra em um ônibus da escola prontos para tornar aquele final de semana
inesquecível. Para Fabi as coisas não começaram muito bem. Artur foi mais
rápido. Antes que ela tomasse lugar ao lado da amiga, o garoto chegou primeiro
e foi xavecando inutilmente Sílvia até chegarem ao acampamento, em uma viagem
que durou duas horas. Sílvia pouco o olhou. Ficou o tempo todo no celular
fingindo que olhava as mensagens, respondendo aos monossílabos ou observando a
paisagem. Fabi foi obrigada a sentar ao lado da Debora, uma garota chata e que
pensava ser Sílvia. O papo foi tão enfadonho que Fabi dormiu na metade da
viagem e só foi acordar com o friozinho cortante da serra, agarrada na mochila.
Sim, pois dentro da mochila havia algo que ninguém podia saber que ela havia
trazido.
A peruca loira.
Se sua melhor e fiel amiga
soubesse, certamente a amizade seria cortada naquele momento. Mas Fabi esperava
que ela jamais descobrisse ou, se isso acontecesse, que a perdoasse. Seu plano
era o seguinte: depois das festas, com todo mundo bêbado ou quase, invadiria o alojamento
masculino e atacaria o Artur. Disfarçada com a peruca loira. Longe de estar
sóbrio, o garoto seguramente pensaria ser Sílvia. E se entregaria a uma noite
de sexo com Fabi. Era a única maneira, por enquanto, de conseguir uma boa
transa com alguém que prestasse. E depois… bem depois era outro assunto.
3
Meninas de um lado, meninos de
outro. Era assim que funcionava. Os professores escalados para acompanhar e
fiscalizar aquela trupe de loucos prometeu que ninguém iria invadir o
acampamento de ninguém. Mentira. Sempre um ou outro dava uma escapadinha. Fabi estava
ansiosa por participar da festa logo mais. Sílvia nem tanto. Sofria de saudades
do namorado e ameaçou não ir. Fabi implorou. Sentia-se segura somente ao lado
dela. As outras garotas também pediram. E lá se foram todas.
Enquanto os outros bebiam álcool
e os professores faziam vista grossa, Fabi ficou só no guaraná. Mas Sílvia
resolveu se soltar. Deu um show na pista de dança para tesão do Artur e dos
outros garotos. As colegas se esforçaram para acompanhá-la na performance, mas
não teve jeito. Sílvia arrasou, esnobou os garotos e antes das duas horas da
manhã decidiu que iria voltar para o acampamento e dormir. Fabi que até então
tentara inutilmente chamar atenção de Artur ou de qualquer outro garoto,
decidiu abandonar a festa também. Seus planos continuavam em pé.
Sílvia pegou no sono logo que
encostou a cabeça no travesseiro, esgotada. Fabi manteve os olhos abertos. A
festa durou até às três horas da manhã, quando os professores resolveram mandar
todo mundo ir dormir, já quem nem eles próprios se aguentavam em pé. Fabi escutou
quando as colegas voltaram para o alojamento, algumas falando mais alto por
estarem bêbadas. Logo o silêncio reinou. Ela consultou as horas. 4:30 da manhã.
Sorrateiramente, Fabi abriu a
mochila e colocou a peruca por dentro do casaco. Pé ante pé saiu do alojamento,
mal respirando, e ganhou a noite. Lá fora estava frio, muito frio, porém Fabi
estava pouco se lixando. Colocou a peruca quando já estava próximo do
alojamento masculino. A porta estava entreaberta. Fabi respirou fundo e entrou.
Todos dormiam. Sabia onde estava Artur. Era perto da porta. Ouvira ele se
gabando disso para seu amigo, pois assim ficava mais perto de poder dar uma
escapadinha.
Fabi logo o encontrou. Ele
dormia, lindo e bêbado. Não havia nem tirado a roupa. Era todo dela.
Todinho.
Estou aguardando a continuação... A história promete, e eu sigo torcendo aqui pela Fabi...
ResponderExcluirabjs,
Joel
;)