domingo, 22 de abril de 2012

APENAS SEXO







Ele: um pouco mais de 50 anos, quase grisalho, alto e com pinta de galã. Bem casado, pai de três filhos, se um dia teve qualquer relacionamento extraconjugal ninguém jamais soube. Ela: um pouco mais de 30 anos, solteira, independente, bela. Não procurava homem para casar e sim para se divertir. Seu foco era a carreira ascendente.

Os dois eram colegas em uma grande empresa. Ela fora transferida meses antes para a matriz e ambos se cruzaram várias vezes nos corredores, reuniões, em happy hours. Alguns olhares trocados, alguns sorrisos devidamente disfarçados. Ele já havia passado por isto outras vezes. Porém, amava profundamente a esposa. Tudo era estável ao seu redor. Casamento, carreira, finanças, família. Não precisava sair atrás de mulher alguma.


Ele chamava demais a atenção dela. Porém era impossível não reparar na reluzente aliança de ouro na sua mão esquerda. Reparara também os olhares do homem. Não foi nem preciso ir atrás de informações do colega. Várias colegas o descreviam como um cara tranquilo, bom caráter e... fiel. Sim, fiel! Impressionante. A mulher sempre tivera todos os caras que quisera. Quando perdia o interesse, descartava-os rapidamente. Mas ele... puxa, tinha balançado suas estruturas.


Tudo aconteceu em uma festa da empresa. Os olhares começaram tímidos. Aos poucos foram se intensificando. Aparentemente ninguém percebeu quando um garçom passou a ela um bilhete lacônico, que dizia simplesmente: “siga meu carro”.


O coração dela disparou. Percebeu quando ele saiu do salão com passos calmos. Discretamente foi atrás. O manobrista entregou o carro a ele, ela o seguiu em uma distância respeitosa. Foram parar em um motel de luxo. Chegaram às dez horas, saíram um pouco depois da meia noite. Ela, apaixonada. Ele, arrependido. Despediram-se sem grandes arroubos e cada um foi para o seu lado.


Na manhã do dia seguinte ele estava tenso. No desjejum mentiu que tinha uma reunião complicada logo mais. A esposa nem desconfiou. Já a outra estava feliz, leve, de alma lavada. De todos os seus homens, aquele tinha sido o melhor. The best. Sabia que podia tê-lo somente para si.


Ela deu um jeito de entrar na sala dele perto do meio dia. Com seu sorriso sedutor e o andar de felina, avançou em direção a ele, convicta de que o jogo estava ganho. Surpreendeu-se com o seu tom de voz ríspido:


- O que você quer?


Ela nem pôde falar, sequer sentar.


- Escute bem o que eu vou lhe dizer. Sou bem casado, minha esposa é maravilhosa e eu amo minha família. O que aconteceu ontem foi um grave errado. Entendeu? Para falar a verdade, não era para ter acontecido.


Ela não piscou. Não disse nada. Deu meia volta e foi embora. Foi enxugar suas lágrimas no banheiro. Dez minutos depois saiu, sentindo-se dona novamente do seu coração. Não era de olhar para trás.


Novamente uma festa. Ou melhor, um almoço. Final de ano, os funcionários se reuniram em uma grande churrascada familiar. Ele foi acompanhado da esposa e do filho mais novo. Ela, do novo namorado. As mulheres se admiraram com a beleza do parceiro da colega. Ele se enciumou. O outro era jovem, espirituoso, divertido e pareciam se dar muito bem. Era nítido isto na troca cúmplice de olhares, nas mãos entrelaçadas. Filha da puta, praguejou ele, furioso. O que você faz na cama com este cara é melhor do que foi comigo?


Ela nem o olhou. Diversas vezes se cruzaram e ele foi solenemente ignorado. Melhor assim, pensou ele, injuriado. O que você foi para mim? Um pedaço de carne, sexo fácil, só isto.


A esposa notou que o marido estava aborrecido. Ora, depois de tantos anos juntos, a mulher sabia o que cada piscar de olho significava. Não foi difícil perceber a direção dos olhares do companheiro. Ele seguia a loura por todos os lados, muito sutilmente. O que teria havido entre os dois?  Flerte? Conversas picantes?


Sexo? Ou foi além disto ainda?


O telefone da esposa tocou. Pelo número do visor logo soube quem era. Discretamente e com toda a sua elegância, a mulher pediu licença do grupinho com quem conversava e se afastou. Em menos de cinco minutos ela já combinara um encontro com o amante de 25 anos e voltou para a festa. 

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