quarta-feira, 30 de abril de 2014

O NOVO MACHO DA MARILU (final)

Ele acordou somente no dia seguinte, amarrado e nu, deitado na cama. Quando conseguiu se dar conta do que estava acontecendo, deparou-se com Marilu completamente vestida e pronta para ir trabalhar. Nos olhos dela uma expressão maquiavélica.

− E então, meu querido? Como você está se sentindo?

Ainda meio tonto, Vlad perguntou:

− O que está acontecendo? Por que você me amarrou?

Ele tentou se soltar, mas suas mãos estavam presas na guarda da cama. Os pés estavam juntos, presos bem fortes um contra o outro. Antes de Marilu responder, já sabia a resposta.

− Você me colocou vários chifres. Pensa que não sei que está me traindo, seu cachorro vadio?
− Eu traindo você, meu amorzinho? – Vlad ficou pálido. – Mas eu amo você. Imagine, isto não existe.
− Não me minta – a voz dela estava fria e cortante. Vlad sentiu medo. – Você trepou com alguma vadia ontem e no seu celular há outras mensagens de mulheres. Quem você pensa que é?
− Isto não é verdade, meu anjo. Eu? Trair quem amo?

Ela se aproximou e falou bem junto ao rosto dele:

− Você terá um castigo a sua altura.

Vlad ficou gelado e arrepiado de terror. Marilu era um mulher vingativa. Sabe-se lá o que poderia fazer contra ele. Somente esperava que sua morte fosse indolor.

Só que não. Logo surgiu nas mãos de Marilu uma tesoura enorme, lâminas brilhantes e afiadas. Vlad nunca havia visto uma tesoura tão grande.

− Se for para enfiar no meu coração – pediu ele, − faça isto logo. Sem sofrimento, por favor.

Marilu soltou uma risada digna de uma bruxa. O som do riso dela ecoou pelo quarto e pelos ouvidos do Vlad. O pânico, aos poucos, se instalava dentro dele.

− Coração? Eu vou preservar seu coraçãozinho. Mas não as suas bolas.
− O quê? – berrou ele, agora totalmente branco.
− Você tem duas opções. Posso arrancar fora seu saco ou o pau. Ou os dois, caso me dê na telha. O que você prefere?
− Amorzinho… balbuciou ele, tremendo sem parar. – Vamos sentar e conversar. Isto não pode estar acontecendo. Deixe que eu me explique.
− Não tem explicação. Tratei você a pão de ló e o que eu recebi em troca? Chifres bem colocados. Não. Você terá o que merece.

Vlad sentiu a lâmina afiada da tesoura passar pelo caralho e pelas bolas. Sentiu que a qualquer momento ela cumpriria a promessa. Ela riu, debochada.

− Vou adorar ver você se esvaindo em sangue.
− Mas meu amor, pense bem... Você será presa. Passará o resto da sua vida na cadeia.
− Não me importa! – Marilu estava possessa. – Você terá o que merece. E vou cortar seu pau bem devagar. Ou você prefere que sejam as bolas?

Sem poder mais se controlar, Vlad começou a chorar. Puxa, que mundo cruel. Só trepara sem compromisso com algumas putinhas e nada mais.

− Está arrependido de ter saído com suas vadias, meu amor? Agora é tarde.

Marilu o amordaçou com um pedaço de pano, deixou a tesoura em cima da penteadeira e pegou a bolsa. Avisou:

− Você terá o dia todo pra pensar na cagada que fez. Vou fazer o servicinho quando eu voltar à noite.

Dizendo isto, ela o beijou na boca e saiu. Vlad ouviu a porta da rua bater e respirou um pouco mais aliviado. Teria algumas horas para tentar fazer alguma coisa. Nem que fosse esperar a morte chegar.


Vlad recuperou suas forças apenas 1 hora depois de Marilu ter saído. O pano na boca se soltou um pouco e ele percebeu que poderia gritar e quem sabe, ser ouvido. Foi o que ele fez.

− Socorro!

No começo sua voz saiu um pouco trêmula devido ao medo. Mas aquilo não o deteve. O medo de morrer castrado era muito pior. Tentou outra vez:

− Socorro! Estou preso!

Sabia que as paredes do apartamento de Marilu não eram muito grossas. Com as mãos próximas à parede, ele bateu com a força que tinha para tentar chamar a atenção do vizinho do lado.

− Alguém me tire daqui! Aqui! Aqui ao lado!

O pano da boca cedeu um pouco e a voz saiu com mais força. Vlad se debateu, puxando as mãos e com isto a guarda da cama também batia na parede. A cama rangeu. Ele gritou mais algumas dezenas de vezes até que se sentiu esgotado. Fechou os olhos e deu um tempo pra recuperar suas forças.

De repente ele escutou um barulho na porta e gelou. Oh, meu Deus, a louca estava voltando. Um estrondo pôs a porta abaixo e vozes se fizeram ouvir na sala. Vlad chorou. Estavam vindo lhe salvar.

− Aqui, aqui!

Em segundos o zelador e o síndico entraram no quarto e se depararam com aquela cena inusitada. Um negão forte, bem dotado, amarrado e nu em cima da cama. Era para rir ou para chorar? Na dúvida, Vlad logo foi solto. Enquanto se vestia, atrapalhadamente, ele implorou:

− Alguém tem um celular aí? A Marilu quer me castrar.

Os homens só faltaram rolar no chão de tanto rir.


Marilu estava comodamente sentada na sua cadeira, analisando um relatório. Marcia e Andrea se cutucaram. O comportamento dela estava muito estranho.

− Qual o motivo daquele sorrisinho? – perguntou Andrea.
− Acho que ela está aprontando alguma.
− Mas pra quem?
− Ora, pro Vlad. Vai ver que ela já descobriu as putarias dele.
− Será? Coitado.

Um movimento na porta fez todo o escritório parar. Agentes da polícia entraram com um papel na mão. Marilu, ao vê-los, se engasgou com o café. Ela levantou-se bruscamente e a cadeira caiu para trás.

− Marilu da Silva? Quem é?

Todos olharam para Marilu. Ela olhou para janela.

Um dos agentes se aproximou dela com passos firmes.

− A senhora está presa por tentativa de assassinato de Vladerson dos Santos.


A única coisa que se escutou no escritório foi um imenso “oh”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário