Sandro chegou e
me encontrou exausta sentada no sofá. Ainda estava emburrado, mas para minha
surpresa, disposto para sexo. Nem acreditei. Justo naquele dia? Quando percebi
Sandro estava em cima de mim, beijando meu pescoço e tocando nos meus seios.
Consegui apagar a luz do abajur da sala e ficamos na penumbra. Meu receio era
que Sandro enxergasse algum hematoma em mim. Nós transamos do mesmo jeito de
sempre; sem graça nenhuma. Felizmente foi uma transa leve, pois uma mais pesada
eu não teria condições de suportar. Depois do sexo, Sandro se levantou e foi
tomar banho. E não deu mais bola para mim a noite inteira.
Na sexta-feira choveu e seu Toni
avisou que dispensara os peões. Minha frustração foi grande. O que eu mais
desejava era invadir aquela obra e foder com Vando até me acabar. Me masturbei
o final de semana inteiro pensando nele, no meu gato. Lembrei que da próxima
vez que eu o visse perguntaria mais sobre sua vida. Quem sabe ele necessitasse
de alguma ajuda financeira? Nem por um momento me preocupei se ele teria algum
tipo de relacionamento. Aquilo para mim era irrelevante. Eu tinha certeza de
que ele seria meu. Onde Sandro ficaria nesta história eu não tinha certeza.
No início da semana minha
intenção era que tudo se repetisse como da outra vez. Eu aportaria no meio da
tarde na obra, me trancaria com Vando em algum lugar e teríamos uma sessão de
sexo forte e caliente. Estacionei o carro no mesmo lugar e desci ciente de que
esbanjava sensualidade com minhas calças justíssimas e uma blusa decotada. Os
peões pararam de trabalhar quando me viram e seu Toni saiu apressado lá de
dentro quando percebeu minha chegada.
— Dona Ângela… —
ele parecia meio ansioso. — Achei que a senhora não viesse hoje.
— Ué? Mas você
sabe que sou eu a responsável por vistoriar a obra.
Naquele momento Sandro saiu de
dentro da casa e eu congelei. Ele estava diferente. Arrogante, até. Ao me ver,
se aproximou de mim e me beijou no rosto.
— Não precisa
mais se preocupar, meu amor. Decidi que daqui para frente eu mesmo virei aqui
supervisionar tudo.
Abri a boca para protestar. Não
era possível. Será que Sandro tinha desconfiado de alguma coisa?
— Mas eu…
— Sei que você
se cansa de vir aqui sempre. Além disso, acho que estou muito afastado das
obras.
— Você não
confia em mim? — consegui perguntar. Reparei que Vando observava tudo lá de
dentro da casa.
— Claro que sim.
Só não quero dar mais trabalho para você.
Seu Toni assistia nosso debate
muito interessado.
— Escute,
Sandro. De maneira nenhuma eu me importo de vir aqui. Adoro ver o que está acontecendo. Além disso,
eu e seu Toni nos entendemos muito bem.
— Ah, mas eu e
nosso querido mestre de obras nos entendemos até pelo olhar. Fique tranquila.
Eu assumo isto aqui agora.
— Tudo bem —
disse eu furiosa, porém controlada. Peguei a chave do carro e decidi que iria
embora antes que acertasse um soco no meu marido. — Vou voltar para meu
trabalho.
— Faça isto.
Beijamo-nos sem vontade e fui
embora. Sandro que me aguardasse. Os chifres que eu instalaria na sua cabeça
seriam tão imensos que tão cedo ele não passaria por porta alguma.
*
Naquela noite nos tratamos bem,
porém friamente. Sandro chegou mais tarde, contou-me sobre a obra, tudo de
forma bem natural. Fiz de conta que estava muito interessada, quando na verdade
eu queria esganar o cretino. Ele ainda me anunciou que no outro dia passaria a
tarde na obra, fiscalizando tudo. Pobre do seu Toni e operários. Sandro era o
maior pentelho do mundo e com certeza iria mais atrapalhar que ajudar.
Dia seguinte eu não fui para o
trabalho como Sandro imaginou. Com um simples telefonema cancelei todos meus
compromissos para aquela manhã e apareci na obra pouco depois das nove horas. Por
algum motivo, seu Toni me recebeu tenso e sem jeito. Não sei o que Sandro teria
dito a ele sobre mim, contudo eu pouco me importava.
— Onde está o
Vando? — perguntei curta e grossa.
O homem pigarreou e nem
respondeu. Fez apenas um sinal com a cabeça indicando que o Vando estava no
interior da casa. Entrei decidida a ter a maior foda de todos os tempos com meu
gato lindo. Escutei algum ruído no piso superior da casa e subi em seguida. O
som vinha do banheiro. Sim, provavelmente Vando estivesse dando um retoque por
lá. Nem bati na porta. Abri de supetão, esperando encontrar meu príncipe em
suas roupas rústicas de trabalho pronto para me foder por todos os lados.
Gritei.
*
De repente pareceu que o mundo
tinha parado. Eu, na porta, sem me mexer. Meus olhos estavam fixos em Sandro. De
quatro, era currado por Vando. Aliás, Vando parecia estar com muito mais
apetite com meu marido do que comigo. Sandro me olhou e empalideceu. Vando de imediato
parou de meter no rabo do meu marido. Ficamos por uns bons trinta segundos nos
encarando, nenhum dos três acreditando que aquilo estava acontecendo.
Depois de um tempo achei que
fosse desmaiar. O banheiro rodou e eu me segurei firme na porta até a sensação
ruim passar. Vando se desgrudou do Sandro, este se levantou puxando as calças e
eu comecei a andar de ré, louca para sair daquele lugar.
— Não é bem isto
que você está pensando.
Sandro disse a frase clichê mais
pálido que eu. Vando puxou as calças para cima e me olhou como se estivesse se
desculpando.
— Ele me
ofereceu uma grana. Não pude recusar.
— Tudo bem —
murmurei.
Dei meia volta e fiz a única
coisa digna que podia fazer: caí fora. Passei reto por seu Toni e não olhei
para os lados e nem para ninguém. Fui direto para casa, peguei todas as roupas
do Sandro e coloquei de qualquer jeito dentro de uma mala ou duas. Mais tarde,
entrei em contato com seu Toni e pedi o celular do Vando. Em pouco tempo eu já estava
falando com ele.
— Venha para
minha casa agora.
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