O que eu posso dizer do Sandro?
Um cara legal, bom marido, sempre disposto a satisfazer meus caprichos. Minhas
amigas viviam dizendo que Sandro era o marido nota 10, o tipo de homem que
qualquer mulher gostaria de ter ao seu lado pelo resto da vida.
Do lado de fora, claro, tudo
eram flores. Contudo, meu maridinho tinha um grande problema. Ele não era nada
criativo no sexo. Era sempre a mesma coisa, o tal papai e mamãe, sem nenhuma
variação. No início me sujeitei àquele relacionamento morno. Quando eu o
conheci, recém havia perdido o emprego e estava com uma mão na frente e outra
atrás. Sandro surgiu em minha vida como uma espécie de tábua de salvação. Sua
situação social e financeira era boa e estes dois quesitos me conquistaram
imediatamente. O fator sexo deixou a desejar desde o primeiro encontro, mas
achei que aquilo poderia ser revertido à medida que nos conhecêssemos melhor.
Infelizmente, enganei-me. Ainda
assim casamos, pois eu precisava garantir meu futuro e estabilidade. Mais tarde
conquistei um excelente emprego por méritos próprios, porém me continuei casada
com Sandro. Ele era um cara legal. No sexo, um desastre.
Apesar de viver insatisfeita
neste ponto, até o momento eu não havia traído meu marido. A ideia passava pela
minha cabeça, porém simplesmente não tinha surgido uma oportunidade bacana.
Até o dia que eu conheci o
Vando.
*
Sandro resolveu comprar uma casa
em um condomínio fechado, o que achei maravilhoso. A casa era grande e
decidimos reformar para ficar do nosso jeito. Meu marido me nomeou como a
encarregada de supervisionar as obras e todas as tardes eu reservava um
tempinho da minha agenda para ir até minha futura casa ver o andamento das
coisas.
Era uma tarde de quarta-feira
quando estacionei o carro na frente da nova residência. Desci altiva, de saltos
altos e minissaia, ignorando o olhar da peonada. O mestre de obras, seu Toni,
adiantou-se para me receber cheio de mesuras e ansioso para me contar as
novidades. Muito animado, levou-me para dentro de casa. Queria me mostrar o banheiro
novo.
— Dona Ângela,
quero que a senhora veja o piso que estamos colocando para a senhora — foi
dizendo ele enquanto nos dirigíamos para lá. — Mudou completamente a peça.
Fiquei curiosa. Quando parei
frente à porta do banheiro, seu Toni me apresentou um rapaz que, agachado,
finalizava aquela parte:
— Este é o
Vando. Contratei no lugar do outro que pediu as contas.
Meus olhos então se fixaram para
onde seu Toni apontava. Vando, ah, Vando... De onde saíra aquele peão
magnífico? Moreno do sol, cabeça raspada, algumas tatuagens e olhos negros.
Vestia uma bermuda jeans e uma camisa de marca toda rasgada. Parecia um top
model, artista de cinema, qualquer coisa do gênero. Senti um calor percorrer
meu corpo, em uma eletricidade intensa. Logo me recompus. Não podia dar na
vista que eu estava tão excitada.
— Boa tarde,
Vando — cumprimentei com a voz firme. — Excelente trabalho o seu. Parabéns.
Ele apenas balançou a cabeça e
este simples gesto quase me desmontou. Em menos de cinco minutos eu estava
excitada e louca para agarrar aquele homem. Infelizmente meu tempo era curto e
eu tinha um compromisso para logo mais. Conversei mais um pouco com seu Toni
tentando disfarçar o calorão. Quando me despedi de ambos, percebi que Vando
também me observava com curiosidade e desejo. Entrei no carro e liguei o
ar-condicionado ao máximo. Não lembrava a última vez que tinha sentido algo
parecido por um homem.
*
Retornei para casa próximo das
oito horas da noite. Precisava urgentemente fazer sexo. Sandro já estava em
casa. Abri a porta do apartamento e me deparei com meu marido sentado no sofá,
de cueca samba canção e bebendo cerveja na latinha. O quadro da dor. Uma
barriguinha já ousava se formar, inclusive... Era o resultado de tanto
sedentarismo. Céus, como ele era diferente do Vando!
Na hora que me deparei com
aquela cena deprimente, resolvi que iria me aliviar sozinha mesmo. Beijei-o,
conversamos um pouco sobre a reforma e depois de uns 10 minutos eu avisei que
iria tomar banho. Mal fechei a porta do banheiro, arranquei minhas roupas e
comecei a me masturbar sentada no piso frio. Achei meu grelhinho rapidamente —
coisa que nem em mil anos o Sandro irá conseguir descobrir — e não demorou
muito para eu alcançar um orgasmo daqueles. Não me contive e soltei um gemido
alto demais. E antes que eu pudesse me recompor, Sandro escancarou a porta do
banheiro que eu havia esquecido de trancar...
Para minha vergonha, meu marido
me encontrou sentada no chão, de pernas abertas e em uma posição muito
suspeita.
Ele não disse nada nos primeiros
segundos, mas era evidente o seu choque. Levantei do chão com o rosto em
chamas, enquanto ele me encarava fixamente. Eu não sabia o que dizer. Somente
quando fiquei em pé, Sandro murmurou:
— Achei que
fosse capaz de satisfazer você.
A porta foi fechada com um
estrondo e eu me mantive por uns cinco minutos sem me mexer, meio que
paralisada. Em hipótese alguma eu queria magoar Sandro, mas o fato é que Vando
não saía da minha mente, mesmo que eu não tivesse escutado sequer a sua voz e
não soubesse nada sobre ele.
Naquela
noite ainda, depois que saí do banho, ele mal me olhou. Foi deitar bem depois
de mim, como se quisesse me evitar.
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