Quando
Mariana e Getúlio pousaram os olhos um no outro pela primeira vez, foi amor à
primeira vista. Ela era a jovem mais linda da cidade. Getúlio, um excelente
partido. Depois de dois anos namorando, ele a pediu em casamento, prontamente
aceito.
Getúlio
era alguns anos mais velho, devia andar pelos trinta anos. Não seria o seu
primeiro casamento. A primeira esposa, Tereza, morrera durante o parto, quando
ele ainda morava em outra cidade. Viúvo e desiludido, não demorou muito para
que Getúlio abandonasse a cidade onde viveu, cresceu e casou, em busca de novas
paragens para esquecer sua dor. Quando conheceu a jovem Mariana, linda moça de
cabelos dourados e longos, Getúlio novamente começou a acreditar no amor. O
namoro não demorou a engatar para felicidade e satisfação da família da moça.
Logo Getúlio começou a trabalhar na farmácia de propriedade do sogro e as
coisas pareciam andar em um caminho feliz e estável.
Uma
costureira renomada da cidade vizinha foi especialmente contratada para fazer o
vestido de Mariana. A moça queria que o seu vestido fosse o mais lindo de todas
as noivas. Certa madrugada acordara de repente, pegara um papel e uma caneta e
desenhara o vestido que aparecera no seu sonho. Não sabia desenhar, mas os
traços ficaram encantadores. Empolgada, Mariana encarregou a costureira famosa
de fazer um vestido igualzinho ao sonho. Getúlio não podia vê-lo antes da grande
data.
O
dia do casamento amanheceu belo e ensolarado. Era março, final de verão.
Soprava uma brisa gostosa quando Getúlio chegou à igreja que, pouco a pouco,
começou a encher. As flores vermelhas enchiam a nave com seu colorido e aroma.
Em pé, no altar, Getúlio não disfarçava o nervosismo. A noiva estava atrasada.
O padre demonstrava impaciência. Os convidados se remexiam inquietos nos
bancos. Será que Mariana desistira de casar? Getúlio sentiu o suor escorrer
pelas costas.
De
repente a marcha nupcial começou a tocar e Mariana entrou exuberante pelo
corredor da igreja, conduzida pelo seu pai. Getúlio sorriu, orgulhoso por ser
aquela mulher linda a sua futura esposa.
Mal
a noiva passou a percorrer o corredor florido que a levaria até seu futuro
marido, um “oh” se fez ouvir entre os presentes. O véu era longo, o vestido
todo rendado. Nas mãos, um buquê de flores roxas completavam o visual encantador.
Mariana nem percebeu o quanto abalou os homens e despertou inveja das mulheres.
Seus olhos somente pertenciam a Getúlio que a esperava bem trajado em um terno
escuro e o cabelo cuidadosamente penteado para trás.
O
jovem padre iniciou a cerimônia, ele mesmo surpreso com a beldade que estava a
sua frente. Superou a primeira frase em que gaguejou de nervoso e o rito
continuou. Mariana volta e meia olhava para Getúlio somente para admirar a sua
virilidade. O homem parecia feliz. Ela, muito mais. Já no final, o padre
perguntou à noiva se ela aceitava Getúlio como seu futuro esposo. Era o momento
em que Mariana havia sonhado desde que pusera os olhos nele pela primeira vez.
Olhando do padre para Getúlio e dele para o padre, Mariana respirou fundo e,
sorrindo, respondeu em alto e bom som, para que toda a igreja escutasse:
—
Sim.
Getúlio
sorriu. No momento seguinte Mariana desabou à frente, quando beijando os
sapatos do padre. Houve uma comoção entre os convidados. Getúlio logo se
precipitou para juntar a noiva. Pobrezinha, pensou ele. Desmaiara de tanta
emoção. Talvez fosse o calor, a igreja estava ficando um pouco abafada. Com
cuidado, Getúlio a virou para cima, deixando-a estendida no chão para que ela
respirasse melhor. Bateu de leve na face pálida dela, esperando alguma reação.
—
Mariana, está tudo bem. Acorde.
Ela
não se mexeu. Uma ruga de preocupação se formou na testa de Getúlio. Um dos padrinhos,
médico e amigo do noivo, se aproximou afobado, empurrando-o para o lado.
Getúlio, tenso, observou quando o homem pegou o pulso de Mariana e ficou por
algum tempo tentando escutar alguma coisa. Alguns murmúrios foram escutados na
igreja. A mãe de Mariana se abanava com um leque, um pouco afastada dali. O
médico então voltou seus olhos para Getúlio. Sua expressão era terrível.
—
Getúlio, ela está morta.
E assim começa! Mal posso esperar para ler o restante! O começo promete!
ResponderExcluirMe inspirei numa lenda da cidade de Sabará, MG. Depois do teu comentário vou me empenhar mais. Valeu!
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