A porta do quarto foi aberta de repente e eu levei um susto. Disfarcei e
minimizei o texto antes que minha mãe descobrisse que meu vício do momento era
escrever contos de putaria para a internet.
− O que foi, mãe?
− Seu celular fez um barulhinho. Acho que alguém está tentando falar com
você.
− Obrigada, vou olhar depois – agradeci, desejando que minha mãe vazasse
do meu quarto de uma vez. Meu conto estava em um ponto crucial e ser
interrompida naquele momento me deixou ligeiramente aborrecida.
Peguei o celular e o
coloquei em cima da penteadeira. Tentei me concentrar outra vez no texto, mas
aquela pausa fez minha criatividade se perder em algum ponto da minha mente.
Fiquei olhando para a tela do meu notebook, tentando encontrar um final
excitante para a história. Não consegui.
Prazer, meu nome é
Valdirene da Silva. Mas os mais chegados me chamam simplesmente de Val. Val. A
moça sem graça e tímida, desempregada há meio ano. Val, a moça sem namorado e
que passa a maior parte do tempo sonhando acordada, esperando que o príncipe
encantado bata a sua porta. Não precisa vir de cavalo. Eu topo uma Mercedes.
Prazer, meu nome é
Samanta Hot. O que eu faço? Escrevo contos eróticos. Enquanto Samanta Hot sou
um sucesso. Minhas histórias picantes fazem sucesso na internet. Recebo
elogios, convites para sexo selvagem e perguntas indiscretas. Sim, meus
eróticos leitores imaginam que os textos que escrevo são uma espécie de
autobiografia. Não são. Tudo não passa de uma mente extremamente criativa, que
precisa pôr para fora tudo aquilo que parece transbordar. Eu poderia escrever
sobre muitas coisas. Amor, romance, terror, suspense, aventura. Optei por
putaria e sacanagem. E me dei bem. Mas não fiquei rica. Preciso
desesperadamente de um emprego antes que minha mãe vá à falência.
Este é o meu grande
segredo. Ninguém pode saber que a desajeitada Valdirene da Silva é a escaldante
Samanta Hot. Que vergonha... Minha mãe sofreria um AVC se descobrisse do que é
capaz de sair de dentro da minha cabeça com tamanha riqueza de detalhes. E com
que cara eu iria olhar para a vizinhança, parentes, ex − colegas de trabalho?
Nunca. Samanta Hot morrerá junto com Valdirene da Silva, a santa.
Valdirene da Silva, a
virgem. Que isto não se espalhe. Tenho 30 anos. Quase nenhum namorado, muitas
decepções, sexo nenhum. Sim, já cheguei perto. Estive na mesma cama que um homem,
eu devia ter uns 20 anos. Eu era mais bonitinha, mais graciosa, mais
alegre. E Interessei-me pelo cretino-mor
do bairro, o Jair.
Considero isto a maior
cagada da minha vida. Acreditei que o desgraçado estava afim de mim também. O
Jair já tinha comido mais da metade do mulherio do bairro. Acho que só faltava
eu. E, como trouxa que era, caí bem certinho na lábia dele. Palavras bonitas
ditas no meu ouvido tiveram o poder de me encantar. Quando me dei conta estava
completamente envolvida e pronta para transar. Pelo menos era o que eu achava.
Fui para os finalmentes
com ele muito rápido. Pudera, eu estava louca para perder minha virgindade.
Provavelmente a última virgem do bairro era eu.
O Jair tinha muita experiência na área e decidi que seria com ele, na
falta de coisa melhor. Lembro-me como se fosse hoje. Chegamos na casa dele, um
sábado de tarde, e o cara não estava disposto a perder tempo. Foi logo tirando
a roupa e arrancando a minha. Confesso, fiquei meio assustada, mas não podia recuar.
Quando eu estava só de calcinha e com os peitos de fora, o Jair tirou a cueca
samba canção.
Dei um grito.
Aquilo não podia ser de
verdade. O Jair era um verdadeiro tripé. Imaginei aquela coisa entrando em mim,
me rasgando, me deformando. O Jair levou um susto com meu berro e brochou na
hora. Aproveitei aquele momento de constrangimento e me vesti correndo. Ele não
fez nada para impedir. Ficou sentado na cama, com seu enorme pau agora murcho,
observando-me sair porta afora para nunca mais.
Aquilo me marcou
profundamente. Por semanas temi que o Jair abrisse a boca e revelasse meu
fiasco. Mas ele nunca fez nada. Manteve silêncio sobre o fato e continuou comendo
quem aparecesse na frente dele. Tive outros namoradinhos. Beijei na boca, mas sexo...
Acabava com qualquer tipo de relacionamento quando as coisas estavam se
direcionando para isto. E assim cheguei aos 30 anos. Virgem, subindo pelas
paredes e louca para dar.
Ah, como eu queria ser
depravada como a Samanta Hot!
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