Naquela
mesma tarde Valentina levou Lourdes e Angelina para comprar roupas de academia
numa loja no centro da cidade. Angelina mal se continha de tanta animação. Já
Lourdes deixou a sobrinha escolher as peças sem sequer ver o que a garota
pegava por conta própria. Porém, quando foi experimentar as roupas em casa, se
assustou com as cores e o quanto que as peças se ajustavam em seu corpo.
― Valentina, pelo amor de Deus –
Lourdes deu uma voltinha na frente do espelho. ― Parece que eu vou sair em uma
escola de samba. E está muito justa!
Angelina
estava por ali também experimentando suas roupas novas de academia.
― Então, gurias... Acho que
fiquei bem, não é?
Lourdes
olhou para a amiga e torceu o nariz.
― Você está muito indecente,
isso sim.
― Amiga – Angelina se mostrava
muito satisfeita com seu novo visual ― eu tenho 51 anos. O que eu tenho a
perder? Olhem só – ela apontou para a parte de trás do corpo ― vou precisar
caprichar no glúteo. Minha bunda está meio caidinha ou é impressão?
― Viu, tia? Se inspire na
Angelina. Vocês vão bombar na academia. Não vejo a hora de chegarmos lá!
― Uhu! – vibrou Angelina.
― Socorro, Deus – gemeu Lourdes.
*
As três novas alunas da academia chegaram ao final da
tarde. Angelina e Valentina eram pura animação. Lourdes, murcha, tentava se
esconder atrás das duas. O trio foi recebido pela recepcionista animada.
― Uau, quantas gatas
lindas! Bem-vindas, meninas! Prontas para ficarem mais gostosas?
― Ô... – fez Lourdes
revirando os olhos, entediada. Prontamente levou uma cotovelada de Valentina
bem no meio das costelas.
― Me sigam, meninas!
Vamos até o andar de cima, para a sala de musculação. É onde a magia acontece.
Meu Deus, pensou Lourdes, irritada com a empolgação forçada
da recepcionista. Será que ela era sempre tão feliz assim?
Lourdes entrou em um grande salão com muitos aparelhos de
musculação e várias pessoas treinando. Ela pensou seriamente em dar meia volta
e sair correndo.
― Vou deixar vocês nas
mãos do Fabinho. Ele é o dono da academia e um excelente personal. Vocês
estarão em ótimas mãos. Ei, Fabinho!
Lou voltou os olhos para a direita. Um cara na faixa
dos trinta anos, músculos à vista, bronzeado de sol e olhos verdes vistos à
distância, sorriu para elas. De longe, Lourdes percebeu os dentes bem
branquinhos. Então este seria o personal delas?
Fabinho se aproximou sempre sorrindo causando sensações diferentes em Angelina, Lourdes e Valentina. Lourdes precisou lembrar a si mesma que estava viúva há poucos dias e não poderia demonstrar nenhum sinal de excitação para não pegar mal.
― Fabinho, estas são
nossas novas alunas. Bom treino!
A moça foi embora e deixou as três frente a Fabinho. Além
de gostoso, ele também era fofo e cheiroso.
― Gurias, que prazer
recebê-las aqui em minha academia. Vou orientar vocês a partir de agora, tudo
bem?
― Tudo ótimo – Angelina
respondeu, alvoroçada.
― Estou ansiosa –
declarou Valentina.
Fabinho olhou, então, para Lourdes, esperando alguma manifestação.
― Ah... eu também.
― Perfeito. Vamos lá.
O trio ficou cerca de uma hora na academia. Angelina ria de
todas as gracinhas que Fabinho dizia. Lourdes, em dado momento, já nem escutava
suas orientações. Não conseguia afastar os olhos do volume da bermuda dele. De
que jeito o treino dela iria render com aquela visão... incrível? A única que
parecia levar a coisa a sério era Valentina. Na saída da academia, já na rua, a
jovem reclamou:
― Acho que vocês
deveriam ter se focado mais no treino. Não sei como o Fabinho não percebeu os
olhares libidinosos de vocês duas. Que vergonha.
Lourdes se ofendeu.
― De jeito nenhum eu
olhei para aquele homem de outra maneira que não fosse a relação
professor-aluno. Aliás, é um excelente professor. Amanhã estou de volta.
― Também o tratei
normalmente – salientou Angelina. ― Mas não tenho culpa que ele usa uma bermuda
colada. E não sou cega.
Valentina preferiu não esticar a conversa por conta dos
músculos doloridos. Mais tarde, já em casa, Lourdes se atirou no sofá e esticou
as pernas, gemendo. E comentou:
― Valen, você não achou
o Fabinho parecido com alguém? Ele me lembra uma pessoa. Só não sei quem é.
― Então... agora que
você falou... Me parece que sim. Quem será, tia?
― Não faço a menor
ideia. A única coisa que posso afirmar é que amanhã eu serei a primeira a
chegar.
... continua
―