Tudo o que Aline
queria era ficar com o Emerson. Não apenas ficar. Ficar ela ficava com a sua
bisavó de 90 anos vendo televisão. Aline queria beijar, andar de mãos dadas e
abraçar o Emerson.
Sobretudo
transar com ele.
Bom, vamos aos
fatos. Aline não era uma beleza rara. Cabelos avermelhados (errou o tempo da
tintura), 16 anos, magra, sardenta, um pouco tímida. Já tivera alguns
namorados, mas tesão mesmo sentia cada vez que olhava para o tal do Emerson. O grande
problema era que ele não se prestava nem para lançar um segundo olhar para Aline.
Carina. A
namorada do Emerson e o oposto de Aline. Festejada por onde passava, era a
atual rainha da escola. Só por aí podemos ter uma ideia da beleza da garota.
Boas notas, corpão, Carina se sentia a tal. Era a tal.
Emerson. O
gostosão da escola. Fazia o casal perfeito com a Carina. Populares, eram
convidados para todas as festas possíveis. Emerson, bronzeado do sol, 18 anos,
surfista. Milhares de seguidores nas redes sociais. Até as mulheres mais velhas
se atiravam para cima dele. Aline? Quem?
Débora. A amiga
inseparável da Aline. Fiel como um poodle. As duas não se desgrudavam nem para
ir ao banheiro. Houve quem dissesse que as duas eram um casal e viviam um
relacionamento sério. Assunto que foi devidamente encerrado quando Débora
acertou um soco certeiro no nariz de quem lançou a fofoca. Pronto, nunca mais
alguém ousou dizer qualquer coisa.
− Se eu não
posso namorar o Emerson…
− Ele não sabe
que você existe.
As duas
conversavam baixinho sentadas em um dos bancos da escola. Observavam de longe
Emerson mostrar suas habilidades no futebol. A puta da Carina se esgoelava na
arquibancada dando apoio ao seu amor.
−… se eu não
posso namorar o Emerson – continuou Aline impassível, − ao menos eu poderia
transar com ele.
−
Ele deve ser bem calçado.
− Você acha que ele
toparia?
− Transar com
você? Pode ser.
Pode ser. Aline
se empolgou. Débora era ultra sincera. Se ela achasse que não, teria dito isto
com todas as letras.
− Se eu não der
pro Emerson vou explodir.
− Você tem
que ter em mente uma coisa.
− O quê? – perguntou
Aline, entre curiosa e tensa.
− Ele não vai
largar a Carina por sua causa.
− Mas eu só
quero transar.
− Antes você
queria ter três filhos com ele, um cachorro e uma casinha na fazenda.
− Sou realista.
Duas horas e nada mais.
− Tudo bem. E o
que você pretende fazer?
Lá na quadra
Emerson fez um gol. Carina quase tirou a camiseta para comemorar.
− Humpf... baita
puta. Bem – e Aline se empertigou, − pretendo atacá-lo.
− Onde?
− Em um lugar
onde ele esteja sozinho. Tipo, na casa dele.
− Você vai ter a
cara de pau de ir até a casa dele se oferecer? – Débora estava incrédula.
− Duvida? O que
eu tenho a perder?
Débora riu.
− Nada. Vá em
frente, garota. E leve camisinhas.
A grande chance
da Aline levou uma semana para aparecer. Emerson comentou com os colegas que a
Carina estava de cama por causa de um gripão e que aproveitaria para passar a
tarde toda estudando para a prova de química. Aline enlouqueceu quando soube
daquilo. Não seriam duas horas de sexo! Seria uma tarde inteira! O plano foi
elaborado às pressas com a ajuda da Débora. Precisamente às 14h45min Aline
estava plantada na frente do prédio de luxo onde o Emerson morava, com uma
mochila nas costas. De minissaia, botas e uma jaqueta jeans por cima do top,
ela havia esquecido que antes de transar com seu amor, precisaria passar pela
segurança rígida do condomínio.
O porteiro a
olhou de alto a baixo, desconfiado. Aline fez a cara mais inocente possível.
Quando encarou o homem lembrou que sequer sabia o andar que Emerson morava.
− Pois não? –
perguntou o cara, com os olhos fixos nas pernas dela, o tarado.
− Oi, eu… Bem,
eu sou amiga da Carina, a namorada do Emerson. Você sabe quem é o Emerson?
Aquele fortão que…
− Sei, sim
senhora.
− Então... Minha
amiga está doente, não pode sair de casa e pediu para eu vir aqui entregar um
caderno pra ele. Será que eu posso subir?
− Qual seu nome?
− Larissa.
A melhor amiga
da Carina era outra vaca, cujo nome era Larissa. Com esta mentirinha seria bem
mais fácil entrar no prédio. Afinal, o Emerson se dava com ela também.
− Um instantinho, por favor.
Disfarçando o
nervosismo, Aline observou o porteiro interfonar para o apartamento. Depois de
alguns segundos, ele olhou para ela e disse:
− Pode subir.
Apartamento 1003.
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