Ela acordou de madrugada com uma freada forte na rua. A madrugada estava quente e o luar clareava um pouco a noite. Claudia foi até a janela e afastou a cortina. Lá embaixo um carro negro estava estacionado junto ao meio fio da calçada, do outro lado da rua.
Um pouco depois Claudia peprcebey um movimento ao seu lado. Era a irmã mais nova, Lara. Esfregando os olhos, ela
perguntou:
− O que você está olhando?
− Aquele carro ali – Claudia
apontou para frente. – Acordei com um barulho forte de freios. Ele está
estacionado faz uns cinco minutos.
− Ninguém entrou ou saiu? – Lara
também se mostrou intrigada.
− Não. Você não acha perigoso o
motorista ficar parado ali, sujeito a assaltos?
− Humm... a não ser que seja ele
o bandido.
As duas ficaram em silêncio. O
automóvel era possante, rodas pesadas e vidros negros. Na verdade, parecia não
haver ninguém lá dentro.
− Que horas são? – perguntou Lara.
− Três horas da manhã.
− E você pretende ficar a noite
toda aqui olhando para fora?
− Não – Claudia fechou a
cortina. – Já é tarde e eu vou dormir. Aconselho você a fazer o mesmo.
As duas irmãs voltaram para cama.
Mas Claudia custou a dormir. A visão daquele automóvel negro povoou seus sonhos
até o despertador tocar às 6:30 da manhã. E ela não pensou mais no assunto.
Ao contrário de Lara. Ela acordou
pontualmente às duas horas da madrugada seguinte, jogou as cobertas para o lado
e se dirigiu silenciosamente até a janela. Para sua decepção, o carro não
estava lá. Não podia explicar, mas sentira algo diferente quando se deparara
com ele na noite anterior. Parecia que o automóvel emanava uma força de atração
incrível, como se a estivesse chamando. Se não fosse por Claudia, teria aberto
a porta do apartamento em que dividiam com os pais e iria até lá ver qual era.
Do alto dos seus 17 anos imaginava que dentro do carro estaria lhe esperando
um homem deslumbrante, forte e poderoso. E sim, ele a levaria para um passeio inesquecível.
Claro, alimentava a esperança de que ele também não a trouxesse mais para
aquela sua vidinha sem graça.
Lara ficou cerca de uma hora
esperando que o carro aparecesse novamente. Mas não aconteceu nada. Poucos
veículos passaram pela rua, o silêncio predominava. Decepcionada, somente
restou a Lara voltar para sua cama e tentar dormir, agradecendo aos céus por
Claudia não ter reparado nada.
Durante todo o dia Lara não
conseguiu afastar dos pensamentos a visão daquele carro e do que ele podia
representar na sua vida. Quando se deu conta, sua imaginação estava a mil, e
teve sua atenção chamada pelos professores várias vezes. Tensa, Lara voltou para
casa e se trancou no quarto. Claudia chegou mais tarde e não se deu conta do
tumulto que a irmã enfrentava. Nem percebeu que ela mal tocou no jantar.
A hora de dormir chegou e para
surpresa de Lara, o sono veio forte, talvez por ter ficado algum tempo acordada
na madrugada anterior, esperando em vão pelo carro misterioso. Lara mal deitou a
cabeça no travesseiro e caiu em sono profundo. Claudia leu o trecho de um livro
e resolveu dormir também. E o silêncio tomou conta do quarto.
Uma freada poderosa às 2:30 da
manhã fez com que Lara sentasse na cama, já com o coração saltando no peito.
Olhou para o lado e se deparou com Claudia dormindo a sono solto. Ansiosa, Lara
pulou da cama e voou até a janela.
O carro estava parado do outro
lado da rua.
Lara abriu a janela e colocou a
cabeça para fora. A brisa da noite sacudiu seus cabelos louros e a camisola
leve. Lá embaixo o farol piscou três vezes. Era um sinal.
“Ele está me chamando.”
A jovem não lembrou sequer de
colocar uma roupa. Não se importando por estar com pouca roupa, Lara saiu do
quarto e abriu cuidadosamente a porta do apartamento. Silenciosamente, ela
atravessou os corredores do prédio, cruzou o jardim e em pouquíssimo tempo
estava na calçada, os pés descalços no chão frio. Do outro lado da rua o carro
parecia lhe aguardar. Os vidros continuavam levantados e Lara não tinha a menor
ideia de quem estava lá dentro. Na sua mente estava certo que era o homem lindo
que povoava seus sonhos.
Respirando fundo para criar
coragem, Lara atravessou a rua decidida a entrar naquele carro. Ela foi se
aproximando, olhando curiosamente para aqueles vidros escuros. Era impossível
visualizar qualquer coisa. Seus dedos tocaram na porta e alguém lá dentro a
destrancou. Sentindo-se poderosa, Lara a escancarou confiante e sorridente. E
soltou um grito de horror.
Alguém a puxou para dentro do
carro pelos cabelos e a porta foi fechada em seguida. A partida foi dada violentamente
e o automóvel desapareceu na escuridão da noite.
Claudia acordou com o barulho
de um carro arrancando. Chegou rapidamente na janela, ainda tonta de sono e
pôde vê-lo ao longe, dobrando na primeira rua. Aquilo a arrepiou toda.
− Lara, acorde. Aquele carro
estranho passou por aqui.
Silêncio. Claudia estranhou.
− Ei, Lara!
Ela olhou para a cama da irmã. A
luz da lua iluminou uma cama vazia.
Claudia compreendeu tudo. E
gritou.
(será que este conto merece uma continuação?
Esse conto merece sim ter continuação!
ResponderExcluirA D O R E I Patrícia, o seu conto. E já vou dar uma leitura na continuação, porque fiquei curioso pra saber o que vai acontecer. kkk
Bjão Patrícia.
Lyu Somah
http://lyusomah.blogspot.com.br/2014/08/blog-post_12.html#comment-form
Esse conto COM CERTEZA merece uma continuação. E digo que se parrar no meio dele e não terminá-lo eu vou com um carro preto até sua casa. rsrsrs.
ResponderExcluirSó achei uns errinhos, acho que você é viciada em "se". Não sou professora de português e nem escrevo maravilhosamente bem, claro ! Longe de mim. (kk) Mas durante a minha leitura achei algumas colocações que ficaram um pouco estranha, como por exemplo: "Claudia se acordou com o barulho de um carro arrancando'' ... Acho que ficaria melhor "Claudia acordou" ou até mesmo "Claudia acordou-se" ... Enfim.
Escreva sempre, sério. Muito bom... Já ganhou uma leitora pro blog. Muito sucesso. *-----*
http://banfiarte.blogspot.com.br/