O domingo
amanheceu ensolarado e perfeito para a festa de Marília e Carlos. Cris e André,
no entanto, tentavam disfarçar o nervosismo contando piadinhas e não arredando
pé do jardim. Carlos soltou Poncho logo de manhã cedo para terror dos rapazes
que não desgrudavam do animal nem por um instante. De repente, Amanda surgiu
perto deles e perguntou:
− Por que
vocês não deixam o Poncho em paz?
Os três
irmãos se encararam por longos dez segundos em silêncio. Cris abriu a boca para
responder alguma coisa, mas faltou voz. André retrucou tentando demonstrar
normalidade:
− Nós
gostamos muito do Poncho.
− Ah… −
fez ela.
Os
convidados começaram a chegar. Diversão e animação tomaram conta do ambiente,
contagiando a todos. Menos Cris e André. Alguns se atiraram dentro da piscina,
outros se alojaram debaixo das tendas. Por duas vezes Poncho escapou das mãos
de André e foi direto para o local onde Tereza estava enterrada e de onde foi
tirado aos puxões para espanto de todos.
Marília
se aproximou dos filhos e cochichou:
− Qual é
o problema? Deixem o cachorro circular. O Poncho é tão sociável...
− Ele está
fedendo, mãe – mentiu Cris pegando forte a coleira do bicho. – Vai ficar chato
caso ele queira se esfregar em alguém.
− Não
estou sentindo cheiro nenhum nele…
− Cris,
vamos dar uma volta com o Poncho. Venha, vamos – intimou André, puxando o irmão
pelo braço.
Em menos
de cinco minutos, Poncho estava no quarto de André, acomodado em cima da cama.
Cris disse:
− Acho
que vou buscar água e comida para ele.
− Boa
ideia. Daqui o Poncho não irá sair tão cedo.
Mais
tarde Cris, depois de providenciar ração para o cão, observou da janela a movimentação
dos convidados. A festa estava bem divertida, principalmente depois da chegada
do DJ. O que será que as pessoas que estavam lá embaixo fariam se descobrissem
que um cadáver estava muito próximo deles? Tipo, ao alcance do Poncho?
− O que
você está olhando tanto? – indagou André afagando a cabeça do cachorro.
− Você
nem imagina o que eu estou vendo agora...
André deu
um pulo da cama e em segundos estava na janela. Naquele exato momento, Carlos e
Marília estavam justamente sobre a sepultura de Tereza posando para fotos.
− Cara,
que bizarro... – murmurou Cris. – O que mais falta acontecer?
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