Ficou combinado que Gabi passaria
em minha casa por volta das dez horas da noite. Minha mãe estava super contente
por estarmos amigas outra vez, o que não era bem verdade. Prendi o cabelo,
comprei uma roupa nova e me maquiei. Eu havia dito para Gabi que não desejava
ser vista nem por Sarah e Vanusa ou seria expulsa da festa. Ela me respondeu
que provavelmente elas já estariam bêbadas quando chegássemos e teria tanta
gente que seria fácil de eu me esconder.
O pai da Gabi nos deixou
pontualmente às 23h30 na frente do belo edifício da Sarah. Ela morava no 17º
andar e a vista devia ser impressionante. Eu estava com as pernas tremendo
enquanto subíamos no elevador. Gabi nem reparou. Ela parecia muito contente em
estar comigo de novo. Para mim nada havia mudado. Gabi continuava a traidora de
sempre.
A festa era mesmo chique. Tinha
um casal na porta que conferia se as pessoas tinham a fita rosa neon, o
passaporte para entrar no apê. Como Gabi tinha dito, Sarah e Vanusa estavam
bebendo todas. Gritos e performances faziam parte do show delas. Descobri que
Mateus estava na festa. Ele me ignorou por completo e eu nem me importei. Não
era meu foco.
− Eu vou lá me mostrar para elas.
Depois eu falo com você.
Eu me esgueirei por trás de
outras pessoas. Havia uma grande mesa com salgadinhos, doces e bebidas. Peguei
um refrigerante e me afastei o máximo possível das duas.
Sarah e Vanusa mal deram bola
para Gabi. Ela voltou amuada para o meu lado e não comentou nada. Aproveitei e
tirei várias fotos com o celular.
− O que você está fazendo? –
perguntou Gabi franzindo a testa.
− Registrando alguns momentos.
Faça de conta que você não está vendo nada.
Alguns meninos se aproximaram de
Gabi, mas ela os ignorou por completo. Um adolescente bêbado veio para o meu
lado e eu lhe dei um empurrão. Naquele momento Vanusa resolveu fazer um
streap-tease. Nem acreditei. Resolvi filmar. Antes ela cheirou uma carreira de
cocaína na frente de todo mundo e foi aplaudida. Meu Deus, onde eu estava?
Gabi ficou trêmula. Me deu um
beliscão no braço e disse:
− Vamos sair daqui.
Ela me levou até a cobertura.
Pelo visto Gabi já conhecia bem o lugar. Nos sentamos em um canto escondido.
Havia algumas pessoas ali. A maioria bêbada. Gabriela começou a chorar.
− Desculpe, Paulinha. Eu não
devia ter trazido você aqui.
Sinceramente, eu não me importava
mais. Já havia registrado o que eu queria e em breve daria um jeito de
divulgar, mesmo que eu fosse descoberta e responsabilizada por isto.
− Tudo bem. Me surpreende você
ser amiga destas vacas e se misturar com este tipo de gente.
− Não, isto acabou. É sério. Não
quero mais a amizade delas. Vamos voltar a ser amigas, Paula? Juro que vou
respeitar Aline e não vou ignorá-la mais.
Olhei para Gabi. Não sabia se
acreditava ou não.
− Até aparecer outra pessoa mais
legal que eu e você me trocar de novo.
− Não! Isto não vai acontecer
nunca mais! Veja – e ela fez um amplo gesto à frente. – Este aqui não é o meu
mundo. Sério, nem sei por que vim.
Aos
poucos fui ficando com pena dela. Gabriela não passava de uma trouxa sem
personalidade alguma. Se deixara levar por duas deslumbradas vazias e que
gostavam de consumir drogas, beber horrores e tirar a roupa em público. Agora
estava arrependida. Bem feito.
− Você me perdoa?
− Não sei. Vou pensar.
Ficamos
por um bom tempo lá. Ora conversando, ora em silêncio. Lá de cima escutávamos a
gritaria. Quem subia para a cobertura geralmente estava bêbado e nem se dava
conta da nossa presença. Melhor assim.
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