Depois
disso eu e Aline nos tornamos inseparáveis. Ela não era tão estranha como eu
pensava e descobri que tínhamos muitas coisas em comum além do ódio por Sarah e
Vanusa. Depois da nossa primeira conversa, Aline imediatamente ocupou o lugar
deixado por Gabriela ao meu lado, na classe.
Ao
mesmo tempo em que minha amizade com Aline se aprofundava, o mesmo acontecia do
lado de lá. Gabi nem olhava mais para minha cara. Era como se eu não existisse.
Eu, por minha vez, a ignorava totalmente em sala de aula. Porém, quando chegava
em casa, ía direto pro Face catar as novidades. E novidades, fotos e postagens
alto astral não faltavam. Aquilo só fazia aumentar a minha raiva e o meu desejo
de vingança. Eu só ainda não sabia como fazer.
A
merda aconteceu em uma quarta-feira, na troca de períodos. Estávamos esperando o
professor e a turma de repente ficou uma bagunça. Eu e Aline nos mantínhamos
quietas, conferindo a matéria. Claro que eu não conseguia me concentrar em
nada. As vozes de Sarah e Vanusa se destacavam como gralhas. Algumas vezes eu
escutava a risadinha sem graça de Gabi, ansiosa para agradá-las. Aline chegou a
sussurrar:
−
Não suporto mais escutar estas putas.
−
Nem eu. Tomara que o professor chegue logo...
Sem
querer olhei para frente. Vanusa estava na porta e olhava na minha direção. Reparei
que ela chamava alguém que estava do lado de fora e até então eu não tinha a
menor noção de quem seria. Aline também percebeu e franziu a testa. O que
aquela vaca estava armando?
De
repente Mateus surgiu do nada ao lado de Vanusa. Ele era alto, passando do 1,80
cm. A desgraçada se aproximou do ouvido dele, cochichou alguma coisa e Mateus
olhou para mim. Eu fiquei parada, sem reação. Meu coração acelerou como nunca.
Ao meu lado Aline chegou a ficar sem respirar. Mateus fez uma careta de nojo e encarou
Vanusa. Disse alguma coisa para ela e desapareceu. A vaca deu uma gargalhada e
me olhou debochada. Fiquei tão chocada que não reagi. O professor chegou,
passou matéria nova e eu não consegui assimilar mais nada. O sinal tocou para
irmos embora, eu peguei a mochila e saí correndo da sala. Acho que escutei a
risada de Vanusa e Sarah zombando de mim.
Aline
só foi me alcançar uma quadra adiante. Aquela altura eu já estava aos prantos
em plena rua, sem fazer a menor questão de disfarçar.
–
Eu a odeio! – berrei sem me importar com quem estivesse perto. – Odeio
Gabriela! Foi ela quem contou que eu estou a fim do Mateus!
Aline caminhou ao meu lado. Eu me sentia
sem direção. Não tinha a menor vontade de ir para casa. A única coisa que
precisava era de um buraco para me enfiar.
– Paula, você precisa dar um
basta nisto. Até quando vai suportar o que estas meninas estão fazendo com
você?
As palavras de Aline doeram mais
fundo em mim. Odiar Sarah e Vanusa era algo normal. Elas não prestavam. Eram
seres nojentos. Mas Gabriela??? Ela me traíra mais uma vez contando um segredo
meu para as duas. A vontade que eu tinha era matar todas elas com requintes de
crueldade.
Nossa, será que estou ficando
louca?
– Pode ter certeza, Aline. Eu vou
acabar com elas. Vou mesmo.
Aline colocou as mãos no meu
ombro e disse bem perto do meu ouvido:
– Se precisar da minha força,
você já a tem.
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